Encontro Ecumênico de Mulheres: Direitos e Justiça

Encontro Ecumênico de Mulheres: Direitos e Justiça


O CONIC realizou, em São Paulo, entre os dias 17 e 20 de novembro, o Encontro Mulheres: direitos e Justiça: um compromisso ecumênico. O evento contou com a presença das igrejas membros do CONIC: Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e Sirian Ortodoxa de Antioquia. Também participaram mulheres de Igrejas não-membro do CONIC, como Metodista, Presbiteriana Independente, Aliança de Batistas. Mulheres de Movimentos sociais e organismos ecumênicos também estiveram presentes, com destaque para a Coordenadoria Ecumênica de Serviço, Fundação Luterana de Diaconia, PROFEC, Rede Ecumênica da Juventude, Movimento de Mulheres Camponesas, Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo, Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria, Centro de Estudos e Resgate da Cultura Cigana, Centro de Estudos Bíblicos. A realização do Encontro contou com os importantes apoios do Movimento Lado a Lado e do Dia Mundial de Oração. Este Encontro, insere-se, portanto, na articulação global de comunidades de fé para uma vida justa e de equidade para mulheres. Ao longo do Encontro foram lidas e acolhidas saudações das presidências das Igrejas-membro do CONIC, do Movimento Lado a Lado, através de Sarah Roure da Chiristian-Aid e do Conselho Latino Americano de Igrejas.

O objetivo do Encontro foi promover o compromisso com a efetivação dos direitos e da justiça das mulheres entre as comunidades de fé. Neste sentido, as atividades enfatizaram o protagonismo que as mulheres tiveram e têm no movimento ecumênico, retomando os passos já percorridos durante a Década Ecumênica de Mulheres. Cada mulher identificou em que momento da história do ecumenismo ela vincula sua presença, com isso, formou-se a linha do tempo do movimento ecumênico, formada com a presença e participação ativa das mulheres. É importante lembrar que mulheres sempre participaram do movimento ecumênico, mas suas historias não estão contadas e nem registradas.

Durante todo o evento foram citadas teólogas e ações de mulheres que contribuíram para a promoção da justiça nas igrejas.  Acredita-se que, é possível descontruir estruturas patriarcais determinantes para restrição de direitos das mulheres, a partir do trabalho pastoral e diaconal baseado na teologia feminista, de uma hermenêutica que questione a submissão das mulheres nos textos bíblicos.

Além disto, as celebrações, plenárias e discussões em grupos foram fundamentais para a identificação das principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres em suas igrejas, e as propostas para que, por meio de uma rede ecumênica de mulheres, tais obstáculos venham a ser superados.

Durante todo o evento, foram diversos os depoimentos sobre ações já colocadas em prática que visam promover direitos e justiça. No entanto, o isolamento de tais iniciativas em virtude da falta de articulação entre as mulheres ecumênicas dificultam a consolidação de uma rede ampla de defesa da promoção de direitos e da justiça em suas mais diversas formas. Com intuito de superar este obstáculo, um dos compromissos assumidos no Encontro foi de promover eventos bianuais em níveis regional e nacional. Também foi proposta a produção de materiais de formação, textos variados que devem ser difundido via redes sociais e o site do CONIC.  

A Christian-Aid é um importante parceiro do CONIC nesta luta. Neste sentido, a ação das mulheres ecumênica é um importante passo na progressão da agenda do Movimento lado a lado no país. As discussões promovidas durante o encontro possibilitaram a definição de uma estratégia que tem por objetivo engajar as lideranças e comunidades religiosas em uma ação pública e coordenada em prol da justiça de gênero. No Brasil, esta iniciativa foi proposta pela CA e se caracteriza como um movimento global de pessoas e organizações de fé que buscam colaborar para que a justiça de gênero seja uma realidade na vida de mulheres e homens ao redor do mundo.

A situação atual do país foi uma das principais preocupações levantadas durante o encontro. A fragilização da ordem democrática impulsionada pelo impedimento da Presidenta Dilma Rousseff está inserido em um contexto de progressão de um discurso conservador, amplamente difundido por parlamentares que se identificam como religiosos. Estes políticos se servem da religião e de textos bíblicos para justificar suas ações em prol da restrição dos direitos sociais e, em especial das mulheres. Tais direitos foram alcançados a duras penas. A violência contra as mulheres e o fortalecimento do conservadorismo tem tido reflexo nas mais diversas igrejas e afetado diretamente a vida das mulheres em suas comunidades de fé.

O documento final do Encontro (anexo) destaca a simbiose entre fundamentalismo financeiro e fundamentalismo religioso. Ambos afetam diretamente a vida das mulheres e inviabilizam o acesso à justiça.

O encontrou também contou com a participação da presidente para a América Latina do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a Reverenda Gloria Ulloa, que se mostrou solidaria e preocupada com a situação atual enfrentada por brasileiros e brasileiras. Reverenda Glória Ulloa, destacou que toda a violência contra a mulher é pecado, portanto, temos que nos unir às Campanhas que clamam por “Nenhuma Mulher a Menos”. Todas temos direito à vida sem violência.